sexta-feira, 30 de março de 2018

O lado bom de Caledônia


Os três dias que fiquei em Caledônia me senti totalmente uma estranha no ninho, (não era pra menos, pois eu era...rs). Porém penso que numa situação comum, não conheceria esse lugar e nem as pessoas que vivem aqui. A ilha, assim como todo o arquipélago de San Blas, é habitada pela tribo dos Kuna Yala e além dos trajes tradicionais das mulheres (molas), eles possuem um idioma próprio, o kuna. Quando eu cheguei, era a única turista na ilha e percebia os olhares sérios sobre mim, principalmente das mulheres. Para as crianças eu era uma atração, talvez pela cor da pele, cabelo e roupas. E os homens, que falam melhor o espanhol, sempre faziam as mesmas perguntas: de onde eu era, meu nome, idade, se era casada e se tinha filhos. E estranhavam muito o fato de eu não ter filhos. Até porque só nessa ilha, de 900 moradores, 418 são crianças. São muitas, de todas as idades. Felizmente me senti acolhida (do jeito deles, claro), pela família do senhor Ati. Eles possuem o único restaurante da ilha e lá que pude fazer todas as refeições durante meu tempo ilhada. Além disso, eles possuem uma pequena ilha que foi praticamente construída pra receber os grupos de turistas que passam por aqui. É um lugar lindo, cuidado, praticamente um paraíso. Tanto o senhor Ati, quanto seu filho Alex, me contaram muitas histórias do seu povo, das suas vidas e conquistas, sempre com muito orgulho de sua origem e de sua tribo. Além deles, o atencioso Anibal que prepara um pão delicioso e que me deu dicas sobre o barco que sairia para Cartí. E claro, Aukile, o cara da hospedagem. Tinha a impressão de que ele não entendia quase nada que eu falava, mas estava sendo sorrindo. Ah, e ele sumia, quase sempre...mas quando aparecia, estava sempre sorrindo...rs ... Amanhã sigo viagem em direção a Cidade do Panamá. Não conheci todos os lugares que gostaria em San Blás, mas penso que o tempo passado aqui não será igual a qualquer outro.



meu guia, o pequeno Tina


o restaurante a e vendas das molas

sexta feira santa
tomando uma cervejinha com meu amigo Anibal




quinta-feira, 29 de março de 2018

Ilhada, literalmente


Pesquisar outros blogs e sites de viagem, ajuda muito quando vamos trilhar um caminho um tanto diferente. Porém na prática, cada viajante vai viver o seu momento e ter suas experiências. Fazia tempo que eu havia pesquisado mais detalhadamente sobre San Blas, então já não tinha tanta lembrança. Sabia somente que eu podia sair de Puerto Obaldia direto para Cidade do Panamá em avião ou ir de barco até Cartí de onde saem carros para a Cidade do Panamá. Porém havia lido também que eu podia ir até a Caledônia (umas das 365 ilhas de San Blás) e de lá pegar outro barco para Cartí. Então pensei que seria ótimo conhecer mais um lugar antes de seguir viagem, e assim fiz. Peguei um barco que seguia para Cartí, porém desci no caminho sem saber muito o que me esperava. Já na chegada fui recebida por um senhor do povoado, que me questionou o que eu queria ali, qual a minha profissão, e porque eu não seguia viagem com o barco que me deixou. Me apresentei e disse que gostaria de passar um dia ali e conhecer o local. Depois de ser “ aceita”, chegou até mim o dono da hospedagem que eu ficaria. Um lugar bem simples e “alternativo” principalmente porque não há banheiros. O negócio é direto no mar mesmo, e os banhos são a moda antiga, com água no balde e canequinha. Para um dia, tudo tranquilo. Minha ideia era seguir viagem no dia seguinte. Mas foi aí que fui surpreendida. Nada de barcos pro dia seguinte. Minha esperança seria um grupo que estaria chegando no outro dia e com sorte poderiam me dar uma carona até a próxima ilha e de lá eu tentaria outro barco pra Cartí. Nada feito, pois o barco deles estava super lotado. Então eu precisei ficar. O problema não era ficar, era sim a sensação de não poder ir e vir. De não saber quando conseguiria ir embora. Isso me deixou um pouco angustiada. Respirei fundo por alguns momentos e por fim, depois de três dias, surgiu um barco pra Cartí onde eu seguiria as 6:30 da manhã, para aproximadamente 6 horas de viagem.

O barco do trecho Puerto Obaldia - Caledônia

               
                      
                        a hospedagem
                               
                                                                           
     meu quartinho sobre as águas

                             
Caledônia

mulheres Kunas

grupo (da não carona) com as crianças

quarta-feira, 28 de março de 2018

Começou a travessia pra valer


Seguindo viagem, hora de pegar o barco de Aguacate até Capurganá, para seguir em outro barco até Puerto Obaldia, já no Panamá. O primeiro trajeto já deu uma mostra do que estaria por vir. O mar estava muito, mas muito mexido, e quando chegamos a Capurganá, levei meu primeiro tombo da viagem. Sim, fui descer do barco que mexia muito e lá fui eu com duas mochilas pro chão. O bom foi que as mochilas amorteceram a queda, mas terminei de molhar o que não havia molhado no trajeto. Por fim, pensei que não seria possível entrar em outro barco para seguir viagem. Mas que nada, tinha um barco pronto pra zarpar e muita gente nele. Sendo assim , tomei coragem e fui também. Foi uma viagem dura, mas chegamos sãs, salvos e molhados. Já em Puerto Obaldia, seguiu-se outro ritual na chegada. Por tratar-se de zona de fronteira, a uma fiscalização intensa na chegada. Uma revista nas mochilas (sim, tem que tirar tudo de dentro... tudo), e depois seguir pra imigração e aguardar, aguardar, até que te dão o carimbo. Precisei apresentar o comprovante de vacinação da febre amarela e um comprovante de saída do país. Como tenho uma passagem do México para os Eua, não tive problemas. Isso levou quase três horas, e quando enfim já estava regularmente no Panamá, fui buscar uma hospedagem pois não sairiam mais barcos nesse dia. Puerto Obaldia é uma cidade pequena de 600 habitantes, e acredito que não se vem fazer turismo aqui, mas sim transitar entre os dois países. Por sorte tem restaurante com comida boa e barata, uma padaria com pães gostosos e um quarto limpinho pra dormir.




O aeroporto de Puerto Obaldia

universal!



terça-feira, 27 de março de 2018

Capurganá, Aguacate e Sapzurro – Três joias da fronteira


De Aguacate onde estou hospedada até Capurganá são 10 minutos de barco, porém 1 hora de caminhada. Lá fui eu explorar o lugar e descobrir um caminho de coqueiros, mar azul e muito verde. Na chegada a Capurganá fui até a imigração carimbar minha saída da Colômbia. Mesmo com a ideia de viajar só no dia seguinte, é interessante carimbar a saída um dia antes porque há muita falta de luz no lugar, e quando não a luz, nada de imigração. Feito isso, segui caminho até Sapzurro. Uma bela trilha de quase 2 horas. Do alto é possível se ver tanto Capurganá, quando Sapzurro, uma de cada lado. Não tinha muito sol, o que foi bom pra caminhada, mas não tão bom para as fotos. Mesmo assim, tem como se ter ideia pelas que consegui tirar. Chegando em Sapzurro, foi só descanso, banho de bar e muito sol. Praia bonita de areia branca e mar muito transparente. Uma tarde ótima! Como aqui é o último lugar da fronteira, vim com dinheiro contato para não faltar e não sobrar, pois a partir do Panamá a moeda já é dólar. Por isso, voltei de barco somente até Capurganá e depois voltei pela mesma trilha até Aguacate. Assim economizei os 10.000 do barco e pude tomar três cervejas... :D A noite teve jantar no hostel, oferecido por um casal de colombianos que estavam passando o feriado. Foi uma ótima noite de conversas, cervejas e boa comida!

pelo caminho


 


                      
Capurganá

Sapzurro






A Chef da noite


segunda-feira, 26 de março de 2018

Tinha uma selva no meio do caminho


Quando resolvi fazer o trajeto entre a América do sul e central, a intenção era fazer por terra. Porém quando comecei a pesquisar sobre, descobri que entre a Colômbia e o Panamá, não tem estrada, e sim uma extensa selva que não é possível passar (pelo menos pra nós meros mortais). Descobri então através de outros blogs, que poderia fazer por ar ou mar. E pra que facilitar não é mesmo? Resolvi fazer a travessia por mar...não era a opção mais barata, mas acredito que era a mais emocionante. Pra fazer a travessia precisava chegar num lugar chamado Capurganá, que é praticamente a última cidade da Colômbia, já na região da fronteira. E pra chegar nesse pequeno paraíso, somente por mar. Então vamos lá... a logística se seguiu assim: peguei um ônibus as 21:30 de Medellin para Necoclí. Cheguei as 6:15 da manhã e fui em direção à praia de onde saem os barcos. No caminho encontrei uma agência e ali mesmo comprei meu ticket (o valor é o mesmo independente de onde se compre). Depois de uma bagunça organizada, e com a taxa da aduana paga em mãos, consegui embarcar com um grupo para um viagem emocionante em alto mar de aproximadamente 1:30. Um tanto molhados, chegamos a Capurganá. De lá até Aguacate (onde fiquei hospedada) mais 10 minutos e pronto. Instalada, com vista pro mar, só pra curtir o silêncio na natureza e a tranquilidade do lugar.

Necoclí


                                                  



Capurganá


A vista do hostel em Aguacate




domingo, 25 de março de 2018

Souvenirs


Quem me conhece sabe que não sou consumista, e que o meu dinheiro sempre foi priorizado pra viagens. Mas como toda pessoa normal que se preze, também adoro uma lojista, feirinha e souvenirs. Nesses anos todos de viagem escolhi o imã de geladeira como mimo e recordação dos locais que passei. Em dez anos, somam-se pra mais de 30 imãs, porque até então, eles eram comprados em todas as cidades que passava. Mas como fazer isso numa viagem com duração de um ano, de volta ao mundo, com previsão de 30 países e sei lá quantas cidades?? Bom, resolvi comprar um por país. Essa é a solução que vejo como possível. Em breve estarei fechando o primeiro país, a Colômbia, e o recuerdo já está na mochila, seguindo viagem por mais 355 dias.





sábado, 24 de março de 2018

El Penhor de Guatape – o pão de açúcar da Colômbia


Para chegar a essa cidade, pega-se um ônibus no terminal norte em Medellin de fácil acesso pelo metro e viaja-se por quase duas horas. Tranquilo até o desembarque e a visão da escada de acesso ao topo da pedra. Sobe-se por um caminho que mistura escada com estrada até chegar a entrada efetiva que dá acesso ao topo da pedra. São 720 degraus! É escada que não acaba mais! Felizmente todo esforço é recompensado pela vista... é realmente uma maravilha! Depois de muita apreciação e fotos resolvo descer e conhecer a cidade que acolhe essa pedra. Fui caminhando um trecho dos 4 km que separam os dois, e apreciando um pouco mais a natureza. No trecho final peguei uma carona no mototaxi (que parece um tuk tuk, só que bem colorido) de um casal de senhores, e ali já conversamos um pouco mais sobre viagens, sobre Colômbia e Brasil. Já no centro da pequena cidade, é de apreciar a tradição nas paredes de praticamente todas as construções, além de todas e todas as cores! Dá uma alegria de ver, de se perder na quadra principal da cidade, de comer todas as coisas e comprar todos os artesanatos (mas não comprar porque não vai poder carregar...rs). No retorno pra Medellin e o pequeno ônibus lotado, mas que sempre pegava mais alguém na estrada eu pensava... onde ele vai colocar mais essa pessoa??, me fez perceber que a Colômbia é como coração de mãe...sempre cabe mais um!






                                                         




                       


                         

sexta-feira, 23 de março de 2018

A arte de Medellin


Numa breve caminhada por Medellin, encontro uma cidade e um povo vibrante, solícito e muita arte pelas ruas. Sai caminhando pela cidade pra encontrar uma grande praça com inúmeras obras de Fernando Botero. Eu conhecia pouco desse cara, mas já mesmo em Bogotá nos encontramos bastante. As obras são incríveis e a identificação é imediata. Na mesma praça se encontra o museu de arte de Antigua, a casa da cultura que fica num prédio que passou por uma restauração incrível, e se pode andar livremente enquanto as pessoas trabalham. Mais tarde tomei un metro em direção ao museu de arte moderna e a região em seu entorno. Não entrei no museu, mas a viagem valeu pra eu descobrir através de um cartaz, que naquele dia teria um show chamado Jazz, Cordas e Tambores e me animei a assistir. Essa é uma das coisas que sempre me interesso nas viagens. Assistir a artistas locais, ver alguma apresentação de música ou teatro. E fui muito feliz, porque o show foi muito bacana. Era dentro de uma universidade, o que me deu até uma certa nostalgia (rs), os alunos eram muito talentosos e sai de lá muito satisfeita e querendo cantar o quanto antes. No outro dia visitei o Pueblito Paisa e provei uma maravilha chamada Bandeja Paisa. É um prato tradicional que lembra muito da comida brasileira com exceção do acabate que aqui está presente em todo o lugar. Depois fui conhecer um pouco da arte de rua na famosa comuna 13. É uma comunidade assim como as do Rio, que já passaram por situações de extrema violência, porém hoje respira outros ares. É famoso por seus grafites e também por suas escaleiras eléctricas. São no total 6 lances de escada rolante no meio do morro, que conectam os turistas e a comunidade de uma forma linda. Pra fechar Medellin, fui conhecer o Parque Arvi. Para chegar até lá existe um serviço de transporte chamado metro cable. Nada mais é que um teleférico que te faz subir ao ponto mais alto da cidade em meio a floresta e te transporta pra um lugar completamente diferente do restante. Uma viagem linda em meio aos muitos tons de verde. Uma viagem linda em meio a arte!






Pueblito Paisa


Bandeja Paisa



Comuna 13


Plantei uma árvore no Parque Arvi