segunda-feira, 30 de julho de 2018

Eu vivi um romance


Eu não queria escrever sobre isso porque acho muito íntimo. Mas resolvi escrever depois de pensar muito sobre o assunto, chorar, entender e organizar alguns sentimentos em mim.  Eu conheci uma pessoa e foi muito especial. Eu vivi um romance, é verdade. Mas somente depois de ir embora, é que eu percebi um sentimento muito maior. Eu percebi que enfim, eu estava vivendo o presente, e não mais o passado. Desde o início da viagem eu vivi um turbilhão de emoções. Primeiro porque estava ansiosa pelo que estava por vir, e segundo porque trazia dentro de mim, um amor que não seria mais compartilhado. Durante os dois primeiros meses eu queria manter contato, compartilhar muitas coisas, me fazer presente. Com o tempo fui entendendo que minha escolha me tornara uma pessoa livre e que eu deveria viver isso intensamente. É claro que como boa canceriana, isso não aconteceria de um dia pro outro e mesmo eu me sentindo no caminho certo, eu sabia que não estava vivendo o momento em sua totalidade. Eis que após duas semanas em Malta eu me permiti viver uma história muito bonita e perceber que enfim, eu estava aqui (no mundo) por completo. Malta tornou-se muito especial pelos encontros e conexões, não só pelo romance. Estar mais tempo em um lugar, é poder conectar-se mais intimamente com as pessoas. É cozinhar para os amigos, tomar cerveja no boteco da esquina, caminhar pelo bairro, jogar conversa fora, ir à praia e encontrar a galera, marcar encontros depois do trabalho e namorar. Eu pude viver tudo isso em Malta e foi muito lindo. Sair de Malta foi um dos momentos mais difíceis da viagem até agora. Deixei uma parte do meu coração lá. Sei que em breve ele estará recuperado para viver novas histórias, mas o melhor é que agora, ele está no presente. Outra viagem começou!





eclipse da lua visto de Malta

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Voltei pra escola

Malta é um país com muitas escolas de inglês e bastante procurado por quem quer fazer um intercâmbio ou um curso nas férias, principalmente no verão. Malta pertencia ao Reino Unido até pouco mais de cinquenta anos e mesmo o idioma local sendo o maltês, a língua co-oficial é o inglês. Eu tinha uma "herança" do banco para fazer um curso de recolocação profissional, que para o exterior valia apenas para idiomas, então aproveitei que estava lá e encarei. Como seria um curso rápido (apenas uma semana), optei pelo intensivo e isso me tomaria todas as tardes nesse período. No primeiro dia foi necessário fazer uma prova para adequação do nível e com os horários das aulas na mão era a hora do desafio. A última vez que entrei numa sala foi na pós graduação e isso faz muito tempo. A primeira aula era de conversação, e comigo estavam Japão, Coreia, França e Brasil. Na outra, de gramática, o mix era composto por Turquia, Itália, Russia e França. A parte mais difícil e também a mais interessante, era que eu estava num lugar onde se falava apenas inglês, ou seja, quando eu não sabia o significado de uma palavra, não tinha uma pessoa que sabia a tradução em português de imediato. Nessas horas rolava uma explicação sobre significado da palava ou uma apelação básica para o amigo Google. Eu levei uns três dias pra começar a relaxar e me sentir mais confortável (e isso foi ruim porque o curso duraria apenas cinco), e em alguns momentos tive vontade de chorar e desistir. Eu tenho consciência de que travei com o idioma durante muitos anos e já havia desistido de estudar no Brasil porque pra mim parecia impossível de aprender. Mas eu estava lá encarando as aulas e a diversidade de uma escola de intercâmbio. E o intercâmbio propriamente dito entre os alunos, era um dos momentos mais interessantes pra mim. Ali era possível saber de costumes, práticas e culturas dos países sem sair da sala. Lá pelo meio da semana eu estava acabada, e então que me dei conta de que fazia uns sete meses que eu não tinha rotina, não tinha que cumprir horários, muito menos fazer lição de casa...aula das 13 as 18hs..(ufa!). A prática seguia com os amigos num ambiente mais leve e tranquilo, e ainda curtindo tudo o que Malta podia me oferecer. Sempre achei que só conseguiria aprender quando estivesse nessa situação. E é verdade, isso faz muita diferença. Senti que a partir daquele momento as minhas barreiras tinham caído e que eu poderia sim aprender. Ainda falta muito, mas me senti mais confiante! E é bom que isso vale pra vida!! 

pelo menos eu podia estudar vendo o mar

e ganhei certificado e tudo! :D

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Fim de semana recheado

O festival de jazz de Malta terminava sábado e olha a sorte (de novo!), João Bosco encerraria o evento num lugar tão bonito, que eu decidi que deveria estar lá. Comprei o ingresso e quando cheguei, Elis cantava e a emoção já tomou conta. O show foi em Valetta num canto da cidade entre os muros e o mar, no fim de tarde, ou seja, indescritível. A abertura da noite ficou por conta do Chick Corea trio que chegou arrebentando e fazendo um show incrível. E depois pra encher meu coração de alegria, João veio e fez um show maravilhoso numa formação de jazz (claro!rs) que foi como um abraço. Percebi que depois de tanto tempo, ver um show de música brasileira foi como um acalanto pra alma e pra saudade, principalmente das cantorias. Feliz de tudo, fui até tietar o João... coisa que não faço no Brasil. Mas eu estava lá, ele também... bem "facinho".. não contei conversa e fui mesmo. No dia seguinte fui desbravar a ilha de Gozo, que fica ao norte de Malta. Para chegar lá peguei um ônibus e depois um ferry. Lá visitei a cidade de Victoria e a famosa Cidadela. Andei pelas muralhas da pequena cidade, tomei sorvete e peguei outro ônibus até Saint Lawrence, lugar que abrigava a Azure window, um dos cartões postais de Malta. A rocha desmoronou em 2017 depois de uma tempestade e ouvi pessoas dizendo que é possível ver os escombros se você fizer um simples mergulho. Independente disso, o lugar continua lindo e o banho de mar é delicioso. O retorno pra Sliema demorou horas, pois era domingo e no meio do caminho quando resolvi trocar de ônibus, fui surpreendida por uma belíssima construção em Mosta. Malta é assim.. uma surpresa atrás da outra!











quinta-feira, 19 de julho de 2018

Quarentei!


Chegou 19/07 e eu estava pela primeira vez sozinha no dia do meu aniversário. Mas esse aniversário estava inserido num contexto maior, numa volta ao mundo. É claro que quando você escolhe viajar por um ano, passara todas as datas comemorativas sozinha, ou com novos amigos e isso é, em alguns momentos desafiador. Até porque nesse caso eu completaria 40 anos, uma data redonda, considerada importante, a entrada nos “enta”, enfim. Eu não lembro de ter projetado na minha cabeça uma festa de 40 anos, mas foi inevitável pensar nisso quando o dia chegou. Será que eu estaria mais feliz comemorando com todos que amo ao meu redor? Difícil saber. Pra evitar que meu dia fosse “estranho”, escolhi um lugar incrível pra estar e caso batesse algum desconforto, eu daria um mergulho, salgaria o corpo e seguira confiante na nova idade. Escolhi então estar comigo e fazer coisas que gosto independente da data. Ir à praia, ficar de bobeira, assistir a um show, tomar uma cervejinha, estar com pessoas, receber abraços reais e carinhos virtuais. E como é bom receber carinho! Ainda mais pra quem adora fazer aniversário e ser paparicada. E o melhor é que o dia durou 29 horas. Por conta do fuso pude comemorar até o dia seguinte sem medo de ser feliz! O programa noturno incluiu 3 shows no festival de jazz de Malta (ô a sorte!) e “de quebra” alguns novos amigos do couchsurfing que estiveram junto. Ainda não tenho muita certeza sobre as percepções da nova idade. Sei que me sinto bem, leve, e observando um caminhar bonito nesse tempo. Com altos e baixos, mas com descobertas, conquistas e realizações. O presente está sendo desfrutado. É um presentão!








quarta-feira, 18 de julho de 2018

Malta é assim

Malta é menor que Curitiba!! (a minha amiga Kei descobriu isso...hehe) Tem apenas 316 quilômetros, e é possível conhecer todo o país de ônibus público e ferry. Não existe rodoviária e o país conta com apenas um aeroporto. A melhor definição sobre o tamanho de Malta veio de um morador local que me disse: Malta não tem voos domésticos... hehe. Ele também me disse que é um lugar seguro, pois o 'ladrão' não tem muito pra onde fugir...kkk... As cidades parecem bairros e o que mais me impressionou era encontrar o mar o tempo todo. Mesmo quando eu me deslocava para o outro lado da ilha, ele estava lá, mostrando o ar da graça. As cidades mais "centrais" e badaladas são St Julian's e Sliema. A capital Valetta é linda, tem uma parte antiga cercada por enormes muralhas e o fim de tarde iluminado visto de Sliema o torna ainda mais especial. O primeiro dia foi de reconhecimento dessas cidades, de banho de mar, de conhecer a escola de inglês que provavelmente eu estudaria e de fazer novos amigos. O couchsurfing fez uma grande diferença em Malta. Através dele, eu conheci já na primeira noite duas pessoas incríveis e soube de um evento semanal onde se encontravam pessoas do mundo para compartilhar experiências, falar inglês e claro, fazer novas amizades. E fui aproveitando o clima pra explorar a ilha e conhecer as maravilhosas Golden bay, a Għajn Tuffieħa Bay, a Mellieha Rock, Rabat, Marsaxlokk, St Peter1s Pool, Gozo e a Azure Windon, Baħar iċ-Ċagħ, a Blue Lagoon, além de transitar o tempo todo entre St Julians e Sliema onde fiquei hospedada. Em duas semanas estive em 4 hostels e 2 couchsurfings. Muitas experiências e muitas emoções nesses pequenos 316 km!!



 


 



Valetta


Rabat





terça-feira, 17 de julho de 2018

Chegando no pequeno paraíso

Decidi voar pra Malta. O voo do Marrocos saia apenas na segunda feira, então acabei ficando mais tempo na cidade de Essaouira, aproveitando a tranquilidade do lugar e os preços reduzidos. Um dia antes do voo peguei um ônibus para Casablanca e lá tive dois felizes encontros. O primeiro foi um couchsurfing que me resgatou na rodoviária e no dia seguinte me levou pra almoçar e me acompanhou até a estação. E outro foi um catarina (manezinho de tudo!!) que estava hospedado no mesmo airbnb que eu. Dois encontros rápidos, mas super especiais que valeram a ida à cidade. O voo em Malta chegaria meia noite de uma segunda feira, e eu não sabia exatamente o que fazer com a hospedagem porque não queria pagar super caro por apenas 10 horas. Tinha decidido que ficaria no aeroporto durante a noite e seguiria pela manhã para algum lugar. Mas quando cheguei, resolvi me conectar e apareceu um hostel mais barato, que teoricamente teria recepção 24 horas e acabei encarando. Dividi um táxi com outras duas garotas e caminhei na madrugada até o hostel me sentindo incrivelmente segura. Chegando lá descobri que não tinha recepção 24 horas, mas sim uma informação incorreta no booking. Mas o universo é bom comigo e tinha uma galera na parte de fora que foram super gentis e me disseram... tem uma cama sobrando no nosso quarto... dorme lá...rs...e assim fiz. Passada a primeira noite, precisaria buscar um outro lugar pois ali não tinha mais vaga e assim me mudei pela primeira vez. Nesse troca troca tive uma pequena ideia do que era Malta, e foi amor a primeira vista. A cor do mar era impressionante, a energia do lugar também. As praias, que são totalmente diferentes do que conhecemos no Brasil (não são de areia e sim de rochas), estavam disponíveis para um mergulho onde você quisesse e bem entendesse. Realmente eu tinha encontrado o meu lugar!!