sexta-feira, 29 de junho de 2018

A cidade azul


A Medina fica no pé da montanha e isso torna o lugar ainda mais especial. Além disso a cor das casas é um presente pros olhos. É impossível não querer tirar foto o tempo todo, porque são muitos tons de azul se misturando ao colorido dos artesanatos, das roupas, das laranjas. Passei o dia caminhando pelas ruelas e depois fui assistir ao pôr do sol de cima da montanha onde é possível ver toda a cidade, azulzinha lá embaixo. Enquanto eu estava lá, praticamente após o sol se pôr, escuto algo que parecia uma canção, uma oração, um chamado. E assim me familiarizei com essa prática da religião mulçumana. Assim como os sinos da igreja, o chamado da oração acontece em diversos horários do dia e é possível ouvir de onde você esteja. Como é feito em árabe eu não conseguia entender, mas pelo que soube depois, é algo muito bonito, que transmite paz e vibra boas energias. Me sentia assim quando ouvia, mesmo não sabendo o significado. A vontade é de permanecer em silêncio como uma espécie de respeito ao que está sendo executado. A noite seguiu com um jantar na praça principal (que era do lado do meu hotel e eu só descobri horas depois...rs), com os novos amigos e uma brasileira que havia conhecido na montanha. No dia seguinte fizemos uma visita ao Kasbah (que são espaços fortificados de origem berbere, e muito tradicionais no Marrocos), onde atualmente encontra-se um museu com um belo jardim, além de proporcionar uma bela vista da medina. Como iríamos pra Fez, combinamos de seguir juntos pra rodoviária. Mesmo com um pequeno imprevisto que eles tiveram, conseguimos pegar um táxi e entrar no ônibus que já estava praticamente de saída. O trajeto é curto, mas como a estrada é de curvas e curvas, a viagem leva em torno de quatro horas. No ônibus conheci um casal chileno que assim como eu, faria uma viagem longa (de praticamente uma ano), e foi inevitável a identificação imediata que tivemos. Eu tinha um couchsurfing e havia combinado de encontra-lo na estação, mas como ele não estava quando cheguei (depois descobri que ele estava em outra estação), desembarcamos todos juntos e dividimos um táxi em direção a Medina onde eles tinham hospedagem. Chegando lá, percebi que a Medina de Fez estava longe de se parecer com Chefchaouen e que talvez meu aprendizado não servisse muito. Depois dos desencontros, tudo terminou bem e com uma vitória do Brasil na copa. Estava com Aziz e mais dois brasileiros e talvez a torcida tenha ajudado. De lá segui pra casa do Aziz e conheci sua incrível família. Estava numa casa marroquina e feliz por poder vivenciar essa experiência.



 




 











quarta-feira, 27 de junho de 2018

Carimbando o terceiro continente


Em 2014 quando viajei para Portugal e Espanha já tinha pensando em passar pelo Marrocos. Na época algumas pessoas me disseram que não era interessante para uma mulher sozinha e acabei amarelando. Porém dessa vez, estava certa de que iria pra lá. Me sentia empolgadíssima e sem receio. Pra não perder o costume, deixei a praticidade do avião de lado e segui para mais uma travessia por terra e por mar. De Madri peguei um ônibus noturno que depois de nove horas chegou na cidade de Algeciras. Eram 6 horas da manhã e eu precisei aguardar até as 8 pra pegar outro ônibus (esse da própria companhia do ferry) pra cidade de Tarifa, onde fica o porto. O ferry seguiria pelo estreito de Gibraltar numa viagem rápida e chegaria no outro continente pela cidade de Tanger. Em uma hora de viagem lá estava eu, na África, carimbando efetivamente o terceiro continente nessa volta ao mundo. Escolhi seguir direto para Chefchaouen, uma das indicações do meu amigo Ed, que me encheu de dicas preciosas sobre o país. Resolvi caminhar do porto até a estação, sabendo que lá eu poderia pegar um ônibus ou um taxi compartilhado, serviço muito comum para alguns deslocamentos no Marrocos. Quando me aproximava, observei de longe um casal pedindo informações sobre o mesmo destino que eu iria. Ele, argentino, ela espanhola. Ganhei dois novos amigos e pude seguir praticando meu espanhol. Fechamos o táxi e seguimos para a cidade azul. Na chegada nos separamos e cada um foi procurar sua hospedagem. Ali foi a minha experiência em uma Medina e comecei o aprendizado de como tenta-la entender com um GPS, pois em alguns momentos a impressão é de que estamos flutuando. Depois de algumas voltas consegui encontrar meu pouso, e percebi que a melhor opção para entender o lugar era caminhar. Em Chefchaouen por exemplo, entendi que quanto mais alto eu subia e menos comércio eu via, significava que estava entrando na zona das moradias e que podia não haver saída em algum momento. Isso não quer dizer que nunca mais me perdi...rs...é normal se perder em uma Medina e por sorte minha iniciação foi ali, porque ela é pequena e as pessoas bem amigáveis. Por estar próxima da Espanha, ainda se ouvia muito o idioma e o choque cultural não foi tão intenso. Mas, por ter lido algumas coisas na internet, eu senti que cheguei com uma certa defesa, principalmente dos vendedores. Umas das coisas era sobre o “perigo” de entrar numa loja ou provar algo e não conseguir sair sem. Não porque era imperdível e sim pela insistência,  Acabei me fechando um pouco pra essa arte de entrar, olhar e não comprar... uma coisa que adoro fazer. Além disso não me senti respondendo aos cumprimentos com naturalidade. Mas segui desbravando a cidade, tentando entender e principalmente me entender naquele contexto. Feliz por estar na África, feliz por estar no Marrocos!




a África tá logo ali
Tanger
pelo caminho

 



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Férias das férias

Cheguei no novo continente precisando descansar de três intensos meses de viagem. Por sorte eu tinha escolhido ir pra Madri pra estar com um casal de amigos e aproveitar melhor esse momento relax. Eu já tinha ficado com eles quando moravam em Barcelona, e é como estar em casa. Viajar a longo prazo tem outro ritmo, diferente de uma viagem de férias. Aquela culpa de passar um dia todo dormindo, nesse caso não existe. Ele na verdade, é necessário. Sabe aquela vontade de não fazer nada e passar o dia todo no sofá? Era disso que eu estava precisando. Meu plano inicial era ficar quatro dias na casa da Dani e do Rodrigo (e do Gabriel, fofo!), mas como eles tinham uma viagem marcada pra Barcelona e ficariam quatro dias fora, me ofereci como caseira e aumentei minha estadia, aproveitando a cidade e tendo meu momento sofá, cama, sofá, piscina, sofá, copa do mundo... foi excelente! E no dia que eu acordei a uma da tarde, comprovei que realmente o meu corpo estava pedindo um tempo. Por sorte eu já conhecia Madri, então sabia os lugares que queria voltar e estava realmente sem grandes pretensões. Nos primeiros quatro dias pude aproveitar com eles programas locais, a começar por um passeio no parque , pra namorar as lojinhas baratezas de roupa (e não comprar nada..rs), andar sem rumo pelas ruas de Madri e tomar uma cervejinha no fim tarde. E sozinha fui rever 'As meninas' de Velázquez no Museu do Prado, o 'Guernica' do Picasso no Reina Sofia e conhecer o Thyssen-Bornemisza e suas incríveis obras. Outro programa legal que fiz, indicado por uma brasileira que conheci no jogo do Brasil, foi ir a festa Las NochesBárbaras, no Circulo de Bellas Artes. Esse evento anual reuni vários grupos musicais nos três andares do prédio, e ainda conta com um terraço com uma bela vista da cidade. Madri respira arte! Depois de dez dias em Madri, já não tinha mais certeza sobre a minha preferência em relação a Barcelona. Antes eu não tinha dúvidas, mas nada como voltar num lugar e ver a cidade com outros olhos. Escolho Madri? Sinceramente não sei. Só sei que fui feliz lá! Recuperada as energias, era hora de seguir viagem. 








 






sexta-feira, 15 de junho de 2018

Resumindo em números

No meu penúltimo dia em Nova York ia ter um evento daqueles que eu gosto. Filarmónica de Nova York no Central Park com direito a piquenique. Aproveitei pra participar do evento com o pessoal do couchsurfing e foi uma noite ótima com direito a encontro de "Patricias" brasileiras. Uma galera super legal que fez a noite render até de madrugada. E com o metrô funcionando normalmente pra voltar pro hotel, melhor ainda. O dia seguinte teve mais música e novos amigos. Ouvindo muito jazz, eu comemorava três meses de viagem pelas Américas..uma lindeza! Considerando que é uma data bem significativa resolvi fazer um levantamento em números da viagem até aqui...lembrando os velhos tempos (só não vai ser em excel porque não mereço.. rss.) 
Período de 15/03/2018 - 15/06/2018
3 meses de Ámerica (sul, central e norte)
8 países
8 moedas
11 fronteiras
29 cidades
18.585,27 quilômetros
6 voos
22 ônibus
8 barcos
2 shultte (tipo van)
2 viagens de carro (uma de carona)
1 viagem de limusine
3 trens
1 voo cancelado
5 couchsurfing
2 hotéis
23 hostels
1 apartamento
Dá pra fazer uma lista infinita de números, mas por hora ficam esses! Um viva aos três meses! Período de experiência realizado com sucesso... contrato fechado! Meu "trabalho" é viajar!!










acompanhamento da família no mapa mundi!!